O anúncio, feito pelo Governo Argentino, na semana passada, deixou o setor logístico e o comércio internacional nas zonas de fronteira em alerta. Segundo comunicado oficial, um novo decreto do país vizinho vai exigir a apresentação de testes RT-PCR ou imunização contra a covid-19, aos motoristas de caminhão que atuam na rota. Preocupados com os efeitos da medida, que poderá gerar um verdadeiro colapso geral no trânsito de mercadorias com os principais parceiros comerciais do Mercosul, os parlamentares membros da Comissão Especial da Ponte, Tiago Cadó (PDT), Roni Martins (Progressistas) e Jefferson Olea Homrich (PTB) buscam sensibilizar o Governo do Estado para a necessidade de antecipação da imunização oferecida ao profissionais do setor.
Em São Borja, a determinação argentina torna eminente o represamento do trânsito de mercadorias nas fronteiras, caso não sejam tomadas atitudes imediatas. Na avaliação dos vereadores, a única maneira de impedir a instalação de um cenário caótico é a antecipação da vacina para os motoristas de caminhão em atividade no transporte internacional e os agentes de comércio exterior que atuam nas rotas que ingressam na Argentina e, também no Chile, onde desde o início desta semana já passou a vigorar restrição sanitária semelhante à prevista na Argentina, entre elas, a apresentação de resultados negativos do teste RT-PCR, com no máximo 72 horas de antecedência.
De acordo com Tiago Cadó (PDT), Presidente da Comissão, previsões extraoficiais apontam a necessidade de pelo menos 200 testes diários, entretanto, não há infraestrutura nas fronteiras para alcançar esta meta. Além disso, Cadó afirma que o cenário econômico que emerge no horizonte próximo prenuncia um aumento considerável nos custos da exportação brasileira, tal como da elevação dos prazos logísticos e, por consequência, perdas volumosas de arrecadação para os municípios de fronteira. Isso ocorre, porque, segundo ele, assim que oficializadas as novas exigências argentinas, a tendência é de um severo atraso na liberação de cargas e desembaraços alfandegários nas regiões de fronteira, como é o caso de São Borja.
Jefferson Olea Homrich (PTB), Relator da Comissão, também comenta que em São Borja, onde o Centro Unificado de Fronteira (CUF) abriga 32 escritórios despachantes, gerando 500 postos de trabalho, a rota para o Chile é uma das principais fontes de receita ao lado da Argentina. Ele lembra que a Ponte Internacional responde por 26% de todo o comércio bilateral entre Brasil e Argentina, com cerca de US$ 7 bilhões em mercadorias anuais.
Roni Martins (Progressistas), Vice-presidente da Comissão, por sua vez, afirma que se não bastassem as dificuldades ocasionadas pelo impasse diplomático no que tange à renovação do contrato de concessão do CUF à Mercovia S.A, que se encerra no dia 29 de agosto deste ano, e o cenário de pandemia, que até o momento não teve reflexos negativos para os volumes negociados e os empregos diretos gerados, agora, existe o risco real de que a fronteira tenha o movimento de cargas paralisado em consequência da falta de planejamento sanitário.
Fonte: Assessoria Parlamentar.